domingo, 23 de janeiro de 2011

Costela de Adão

Para quem conviveu com a obesidade desde sempre (se bem que o sempre começa a contar no momento em que se começa a ter consciência) é difícil imaginar o que é ser magro.
Pelo menos assim foi comigo. E quando comecei a eliminar peso extra, passei por situações que até então desconhecia. Um exemplo desses aconteceu no período que emagreci da primeira vez.

Estava numa noite qualquer deitado no sofá. Devia ter mandado embora uns 40 kg até aquele momento. Num movimento normal de se espreguiçar e se coçar (herança genética dos primatas) senti um caroço estranho um pouco acima do abdômen e um pouco para a lateral do peito.
Automaticamente, recuei o braço como se não quisesse acreditar que tinha algum indício ali de algo ruim, como um tumor, no pior dos pesadelos.
Sentado em outro sofá, meu pai assistia TV comigo e, para evitar o alarde, paralisei e fiquei só com o cérebro se exercitando. Busquei pela memória alguma pancada no local que pudesse justificar aquele calombo. Imaginei se um furúnculo poderia causar aquele volume indesejado. Cheguei a praguejar contra a reeducação alimentar, afinal toda essa coisa de comer melhor poderia ter confundido o meu organismo, ou sei lá...
Lembrei de um conselho médico: muitos males são reversíveis se descobertos em seu início. Se fosse algo ruim, então melhor trazer à luz e tratá-lo o quanto antes, certo?
Tomei coragem e fui fazer um segundo teste apalpando o local novamente. Sim... o caroço estava ali. Parecia bastante sólido, o que eliminava a idéia de um edema, furúnculo ou cisto sebáceo.
Para determinar o tamanho daquela bolota sem identidade, passei a mão pelos espaços ao lado.
Opa! Outro caroço abaixo! E outro caroço acima! Pior ainda, uma sequência de caroços! Mas, calma lá...
_ Nossa! Eu tenho costela!
Meu pai que já estava mais perto de dormir do que nd mundo dos despertos, me olhou tentando saber se o que ele tinha entendido era o que era.
_ Olha só! Eu tenho costela! Tomei um susto, achando que era algum caroço, mas é só minha costela que começou a aparecer depois que toda aquela capa de gordura foi embora!
Duas vezes feliz: primeiro, estava sim saudável; segundo, o emagrecimento me permitia experimentar as sensações de um ser humano normal.
Que legal! Eu tenho costela!

2 comentários:

  1. hahaha viva a costela! e sua determinação, claro

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  2. Hahaha... E ela voltou a aparecer, meu amigo! Viva a costela e tudo de bom que ela traz!

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